Como todos sabem sou grande apreciadora do Salvador dali. Esta é um dos seus quadros que mais gosto. nesta imagem está um touro e uma cara escondidos, vejam se a descobrem

Eurocentrismo e História

Existem variadas formas de descrever o eurocentrismo. Algumas vezes ele é visto com um fenómeno etnocêntrico, que é vulgar aos povos em outras épocas históricas. Mas grande parte dos autores que fazem pesquisas sobre esta tema, o eurocentrismo deveria ser relatado como um etnocentrismo singular, entendido como uma ideologia, protótipo e/ou discurso.
o eurocentrismo deve ser entendido como uma forma de etnocentrismo singular, qualitativamente diferente de outras formas históricas. Isso porque ele é a manifestação de uma soberania objectiva dos povos ocidentais no mundo. E é neste sentido que Samir Amin (1994) descreve o eurocentrismo como a crença generalizada de que o protótipo de desenvolvimento europeu-ocidental seja uma destino (desejável) para todas as sociedades e nações. Já outro autor Aníbal Quijano tem optado por conceituar o eurocentrismo como um paradigma.
Este eurocentrismo é referido em vários textos clássicos que edificaram a historiografia moderna no Iluminismo, adulterando a visão dos europeus acerca dos demais povos do mundo. Estes eram vistos, como crianças a serem instruídas pelas luzes da Razão. Podemos dar vários exemplos de autores clássicos como Descartes (Q uijano, 2000), Kant (Eze, 1997) Hegel (Dussel, 1993) e outros.
Hegel um filosofia alemão dizia que ao se examinar e História de África não se poderia ali encontrar progressos e movimentos históricos. Ou seja ele não considerava que África fazia parte da “história do mundo”. Mas o problema da história de África prendesse um pouco com a falta de fontes particularmente fontes escritas para uma reconstrução histórica.
b. Historiografia contemporânea e História de África

O Historicismo foi definido por Herder como uma herança crítica interpretativa baseada na premissa de que os factores de percepção de uma sociedade -assim como de um povo, cultura, etc - deveriam ser compreendidos a partir dos seus factores internos, e não externos. Além da sua utilidade para outras áreas do pensamento a tradição historista teve uma forte influência na regeneração histórica do inicio do século XXI.
Mas falando concretamente no caso da África ela é resultante de dois factores
a) A renovação crítica das ciências Sociais, em particular, na historiografia
b) Crescente relativismo europeu diante dos seus próprios valores
O nascimento disciplinar da História de África e na Inglaterra foi uma consequência do engrandecimento paradigmática da História Tradicional. Os primeiros estudos europeus sobre África no pós-guerra surgiram após terem sido publicadas obras como The Journal African History (Inglaterra), o Buleetin de L’Institut Français de l’Afrique Noire, A velha África redescoberta (1959) de Basil Davidson, História dos povos de África Negra (1960). E é a partir daqui que começa a haver um aumento do interesse europeu sobre África. O objectivo era então construir uma história que pudesse servir como meio de luta ideológica e politica contra o inimigo colonialista.
O primeiro historiador africano desta geração dos anos 1950 e 1960 foi Cheik Anta Diop . Diop prosseguiu num dos seus livros de forma alterada uma tese do século XIX, de que o Egipto fora uma civilização negróide; tida como origem cultural do mundo helenístico e das sociedades africanas. Com isto pretendia defender a africanidade do Egipto dos faraós, e apoiar o princípio da unidade cultural africana. Abdoule Ly outro historiador analisou o papel central que África e os africanos tiveram para a formação do capitalismo e do mundo moderno.
Os anos 50 e 60 são o período áureo da sociedade africana de cultura e da sua revista Présence Africane. Retoma-se um elo dispórico negro em que os intelectuais africanos são colocados como co-participes na mesma comunidade de interesses: luta contra o racismo e colonialismo São vários os termos para se referir a esta unidade entre eles: raça, étnica, povo, cultura, seja qual for o termo vai fortificar o sentido comum da luta dentro de um universo simbólico contemporâneo.
É importante referir que nestes anos foram destacadas a Universidade de Londres e a Escola de Estudos Orientais e Africanos e a de Sorborne o Centro de Estudos Africanos.
Nos EUA E na união Soviética também ocorreu uma expansão nos estudos africanos, houve uma inserção de matérias relativas a África nos currículos de historia, e formaram-se mais de 300 doutores em África, nos EUA e em universidades como a de Howard, Yale e na Associação de Estudos Africanos. Foi também nesta altura que se criaram os primeiros centros universitários no continente africano que davam especial enfoque a história de África, alguns exemplos: Universidade de Dakar, Universidade de Lovanium, Universidade de Dar-Es-Salam, Universidade de Nairobi.
Mas sem duvida que os movimentos de independência foram os principais motivadores para a propagação dos estudos africanos por todo o mundo. Em 1980 com a participação de intelectuais africanos e estrangeiros a UNESCO estreou a publicação da História Geral de África, que foi um ponto de viragem nos estudos sobre a história africana. Este documento estava dividido em oito volumes e tornou-se uma fonte obrigatória de leitura, onde os especialistas colocaram o seu ponto de vista sobre o passado e o presente africano.
Vão-se multiplicar os estudiosos sobre África e o estudo da História Africana torna-se uma área disciplinar internacionalmente reconhecida, e hoje em dia a África e a diáspora são tidos como uma fonte de conhecimento para toda a Humanidade.


Estou neste momento neste núcleo no Centro de Estudos Sociais, recebi uma bolsa em 2009 de integração e investigação.

O meu projecto é RAP - 'Raça' e África em Portugal: um estudo sobre manuais escolares de História. O objectivo é

Neste projecto pretendemos questionar visões Eurocêntricas da História. Para tal, iremos investigar como é que ‘raça’, África e o ‘outro’ Negro/Africano são representados nos manuais escolares de História do 3º Ciclo do Ensino Básico em Portugal. Para alem da análise de textos (dos manuais e das politicas educativas actuais), este projecto centra-se também na forma como os conteúdos são negociados por uma diversidade de actores, nomeadamente: decisores políticos, editores, autores, professores e estudantes, e representantes de ONGs. Usaremos o método de análise de conteúdo de uma forma crítica, focando não só os conteúdos mas também as ausências, e tendo em consideração a multiplicidade de leituras dos textos. O projecto terá a duração de 36 meses, sendo centrado em 3 momentos:

1. análise dos manuais escolares e de políticas educativas;

2. entrevistas com diversos actores (editores, autores, decisores políticos, representantes de ONGs, jornalistas, professores, estudantes);

3. workshops com os participantes.

Um estudo semelhante está a ser conduzido no Brasil, por uma equipa da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, e coordenado por Nilma L. Gomes.

Seguidores

Followers

Rita Rigueira Sá Marta

Sou a Rita, finalista de Relações Internacionais.
Com tecnologia do Blogger.